segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Nos EUA pode funcionar, mas aqui é o "Big Brother da educação"

Pesquisa nos EUA busca tornar a avaliação de professores mais completa


Nos EUA, está em fase de pesquisa um novo método de avaliação de professores que deverá revolucionar a maneira de encarar a responsabilidade de escolas e professores pelo desempenho dos alunos. Atualmente, na maioria das escolas americanas, os professores são avaliados por funcionários que visitam as salas de aula e dão notas de acordo com um formulário. O novo método pretende, além de avaliar estatisticamente os professores, ajudá-los a entender por que certas práticas têm mais sucesso do que outras.

Se, por um lado, a análise mais complexa das aulas pode significar um controle maior sobre os professores, por outro, pode também fornecer uma orientação mais precisa sobre o que se espera deles em sala de aula, com a adoção de novas medidas como testes que medem o domínio do professor sobre a matéria, pesquisas com os alunos e gravações em vídeo das aulas, avaliadas por especialistas.

Segundo matéria do The New York Times, Bill Gates está investindo US$ 335 milhões (cerca de R$ 556 milhões) no sistema de ensino do país. Grande parte deste valor é destinado a financiar a pesquisa sobre o sistema de avaliação. Para Gates, um dos destaques do novo método é a gravação das aulas em vídeo: além de facilitar o processo, este sistema também ajuda os professores a aprender com colegas talentosos. Outra vantagem do vídeo é que vários profissionais, ao invés de apenas um funcionário, podem avaliar a mesma performance, tornando a pontuação menos subjetiva.

Mesmo ainda estando em fase de pesquisa, duas barreiras já se colocam para o novo método de avaliação. A primeira é o custo, que envolve não apenas a compra das câmeras, mas também o software necessário para monitorar as aulas em vídeo. A segunda é a oposição de parte dos professores, que considera questionável o uso do vídeo nas avaliações. Para Randi Weingarten, presidente da Federação Americana de Professores, “observações em vídeo têm seu papel, mas não deveriam ser usadas para substituir observações presenciais. Seria difícil justificar notas dadas por estranhos assistindo a vídeos a longa distância, sem nunca terem visitado a sala de aula nem visto por si mesmos a interação e relação do professor com os alunos”. Mesmo assim, pesquisadores envolvidos no projeto acreditam que milhões de salas de aula americanas poderão estar usando essa tecnologia dentro de cinco anos.

No Brasil, a avaliação de professores da rede pública vem crescendo, mas ainda é polêmica e não acontece no país todo: apenas seis Estados (Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo) têm algum sistema de avaliação, todos diferentes entre si. Em São Paulo, por exemplo, a nota do professor leva em conta uma prova, o número de faltas, seu tempo de permanência na mesma escola e o desempenho de seus alunos no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), e quem vai bem pode ser premiado com progressão na carreira e um bônus financeiro. Já em Minas Gerais, a opinião de colegas e da escola também conta, além das taxas de aprovação e evasão escolar, e o professor que tiver duas avaliações negativas consecutivas responde a processo de exoneração.

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