sábado, 22 de janeiro de 2011

Palavras que promovem a paz


Palavras são como ferramentas que podem ser usadas para diversas finalidades. Ao usarmos palavras estamos comunicando algo a alguém, seja qual for a situação. Há alguns anos, um senhor me disse que “toda palavra pode ser dita a toda pessoa – dependendo da forma como é falada”. Isso é verdade, pois tal como um artista diante de uma pedra de diamante que precisa passar pelo processo de lapidação, assim também nossas palavras precisam ser moldadas para transmitir a paz, não a guerra, como temos visto acontecer em diversos momentos.
Acontece que, muitas vezes, estamos acostumados à guerra, ao sangue, às lágrimas, a tal ponto que não zelamos mais por aquilo que dizemos. Simplesmente falamos, jogamos para cima do outro nossas insatisfações, sem nos importar com o impacto que nossas palavras podem causar à outra pessoa.
Há, ainda, quem se utiliza dessa prática dizendo que assim faz porque é sincero, ou seja, sem cera, sem maquiagem. Muito mais que uma ferramenta, tais pessoas estão sob o risco de usar as palavras como armamentos que ferem não apenas o corpo, mas todo um sistema psicológico, virando as costas como se nada de tão grave tivesse acontecido.
Não se trata de maquiar o que estamos sentindo, mas de ter o cuidado para expressarmos nossos pensamentos da melhor maneira possível, de modo que aquele que nos ouve não tenha o foco desviado diante da maneira grosseira que estamos, por um acaso, usando. Assim como causadora de dores, a palavra pode trazer paz ao coração, como quando nos deliciamos em leituras que falam de paz, de amor e de segurança.
Nossos jovens, adolescentes e crianças, carecem cada dia mais de palavras assim, pois diariamente estão expostos à violência em forma de brigas, até em programas televisivos, por exemplo. O que dá mais audiência do que brigas, iras, traições e desonestidades?
Muitos de nós, professores, vemos as violências da televisão incorporadas à rotina de vários de nossos alunos. A forma de andar, falar, agir, como também de reagir, nos mostra claramente os reflexos da exposição exagerada diante do mal, diante daquilo que é ruim.
Com os olhos atentos ao mal, nossos jovens se acostumam a ele com uma velocidade assustadora. Há quem diga que os olhos são as janelas da alma. É por meio do olhar atencioso que muitos sentimentos descem ao coração, fixando lá moradia. Assim como numa casa em que há guerra, não há paz no coração que se permite dar abrigo ao que é ruim ou, pelo menos, àquilo que deveria ser tido como ruim, como indesejável.
Nossa missão como professores e também pais é muito nobre para ser deixada de lado. Como pais, não dá mais para fazermos do videogame e da televisão babás para nossos filhos. Como professores, não dá mais para fingir que não estamos vendo o mau caminho que está sendo trilhado por muitos de nossos alunos. É hora de nos motivar, de buscar soluções, de buscar a paz. Para tal, é muito interessante pensar em nossas palavras como ferramentas para construir bases sólidas para uma vida melhor para nossos filhos e alunos.

Texto de Erika de Souza Bueno, consultora pedagógica de Língua Portuguesa do Planeta Educação e editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br); articulista sobre assuntos de Língua Portuguesa e família; professora de Língua Portuguesa e Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo.
E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

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